sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Galpão

Pintado de picumã
E o piso de chão batido,
Velho reduto querido
Das coisas da tradição;
Onde o piazote crioulo
Aprende a primeira lição,
Dos rodeios, marcação
E domas a campo a fora,
Que o velho peão pachola,
Ensina com devoção.

És sala de reunião
Do patrão e da peonada;
É onde a gauchada
Relatam suas façanhas,
Entre uns tragos de canha
E um chimarrão espumoso,
Onde o gaúcho orgulhoso,
Lembra coisas do passado,
No presente retratado.

No meio, um fogo de chão,
E um churrasco reforçado,
Com salmora, respingado,
Tempero do assador;
Mesclado com sabor,
Do angico e do pau-ferro,
E o índio, já prende um berro;
- Está pronto, sim senhor.

Debaixo da tua coberta,
Churrasqueiam a contento,
E ao te observar, lamento,
A chamada evolução,
Que trouxe ao nosso rincão,
Tamanha transformação;
- Vou modificar a fazenda!
Disse o patrão orgulhoso,
E tu, galpão majestoso,
Ficarás na recordação.

Na solidão do meu catre

Na solidão do meu catre,
Uma saudades me abate,
Fico remoendo lembranças;
Segredos do coração,
Cofre que guarda a emoção,
Colhida pelas andanças.

O perto se faz distante,
Seca a água da fonte,
Tudo fica diferente;
A esperança perdura,
Do sonho, fico a procura,
Nesta busca permanente.

O galpão da minha vida,
Virou tapera esquecida,
Abandono de quem parte;
Quando chega a tardezita,
Minha alma sofre solita,
Na solidão do meu catre.

Recordo o tempo passado,
Quando tinha ao meu lado,
O tesouro mais querido;
Mas quem sofre por amor,
No peito, suporta a dor,
Daquilo que foi perdido.