terça-feira, 5 de abril de 2016

São Borja missioneira

Cruzando o rio Uruguai O padre aqui se instalou, Esta povoação fundou Para marcar território, Com afinco, o missionário, A boa semente plantou, Então tudo prosperou Pois é fértil este chão, Por ato de devoção, De São Borja a batizou./ Fez parte de alguns acordos Entre a coroa portuguesa e espanhola, À princípio não deu bola Mas a coisa ficou feia, Travou-se muita peleia Para concretizar o tratado, Se bandeou para o outro lado Quem não concordou com o fato, E acabou pagando o pato Quem tinha o suor derramado./ Mas a luta continua, Ninguém foge do destino, Pode-se perder o tino Na hora do entrevero, O pensamento é ligeiro, É preciso ficar atento, Segue o caminho do vento, Assim como vem se vai, Na Guerra do Paraguai Também teve seu momento./ O calendário avança Registrando a trajetória, Na construção dessa história Tem muita gente envolvida, Não dá pra ficar perdida Ao longo da caminhada, E essa lembrança guardada Floresce em cada verso, Mostrando para o universo Um pouco dessa verdade./ E assim nesse entrechoques Que formam tua trajetória, Em um passado de glória Que perpetua o presente, Sei, não vai ficar ausente, Nenhum passo do caminhar, Outro irá te cantar E registrar teu conteúdo, Portanto, vou ficar mudo, E observar o teu andar.(AGF)

Prenúncio de fim do mundo

Para anunciar o fim do mundo Não veio nenhum malandro, Quem chegou foi o "Tio Calandro" Na sua velha carroça, Dizendo a coisa encaroça, Se agarrem com os "orixá", O mundo vai desandá Levando tudo em roldão, E a tábua da salvação Cada um deve encontrá. Foi aquele reboliço, Formou-se um escarcéu, Todos olhando pro céu A espera do mandado, Até um cuera afamado Se borrou nessa ocasião, Quando ouviu um trovão, De vereda, deu no pé, Era a gaita do Dedé Provocando confusão. Do Paraboi até o Passo, Do Tiro até o Cemitério, Esse clima de mistério Deixou todo o mundo alerta, Quando a consciência desperta Com o ronco da cordeona, Até a china querendona, Para fugir do perigo, Foi em busca de abrigo No "Bailão da Tia Ramona". O grande amigo Caetaninho Também se viu em apuro, Por isso é que eu lhes juro Houve muita judiaria; Vaca perdendo a cria E touro virando boi, Até o bagual se foi Levando junto a soga, O formando perdeu a toga E se mandou sem dar um oi. Nesse dia, em São Borja, Aconteceu de tudo um pouco; Quem era sã ficou louco E o louco encontrou o destino, O velho se fez menino, O menino envelheceu, De tudo o que sucedeu Formou-se um apanhado, Que está sendo cantado, Pois o verso não morreu.