domingo, 10 de abril de 2016
Recordando velhos tempos
Em um encontro casual
Quando estava a degustar,
Na velha mesa de um bar
Onde a memória é ativada,
Entre a pura e a misturada
Que desce tranquilamente,
E vai alegrando o vivente
Deixando-o mais ativo
Do que o guasca primitivo
De quem sou um descendente.
Recordamos dos comícios
Na São Borja missioneira,
Baluarte da fronteira,
Na divisa com a Argentina,
Cujo torrão tem a sina
De parir homens de coragem,
Que quando acuados, reagem,
E não se achicam pro fato,
Nem respeitam aparato
Que colocam em sua passagem.
As disputas, sempre acirradas,
Pra ferver não tinha hora,
Botavam os podres pra fora
Cada qual tinha razão,
Pra formar-se a confusão,
Era rápido, num opa,
Não era um rasga roupa,
Discurso de almofadinha,
Pois qualquer pé-de-galinha,
De vereda dava sopa.
Naqueles tempos, as pendenga
Se resolviam na briga,
Sempre tinha uma rapariga
Para acender o estopim,
E depois, para dar fim,
Só a turma do comissário
Que padecia um calvário
Para acalmar o reboliço
E dar conta do serviço
Neste pago legendário.
Alvorecer
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