quarta-feira, 29 de julho de 2009

Praça Tricentenário em manhã de geada


Marca de caudilho

Sintonizei a memória
Na onda das recordações,
Lembrei-me das confusões,
Quando em caudério eu entrava,
Bochincho não me faltava
Pois nunca dobrava a esquina
E para consolar as chinas
Em qualquer fogueira entrava.

Certa feita, me recordo,
Era um sábado de aleluia,
Cevava o verda na cuia
De porongo trabalhado,
Quando recebi o recado
Do João Maneco do Vaile,
Era a notícia de um baile,
Na costa do Retovado.

Gritei logo para um piazote;
Prepare o pingo tordilho,
Já vamos pegar o trilho
Que nos leva à diversão,
Assentei o fio do facão
E me abasteci de bala,
Pois meu trinta sempre fala,
Na hora da confusão.

Eram dez horas da noite
Quando cheguei no local,
Desencilhei o bagual
E me aproximei da entrada;
A festa estava enfesada,
Todo o mundo sorridente,
O porteiro disse; entre,
Não precisa pagar nada.

Corri o olhar no salão
Meio assim de relancina,
Ouvi cochichos de chinas
Que apontavam para o meu lado,
Um gaúcho bem pilchado
Sempre chama a atenção,
Chorava gaita, violão...
O baile estava animado.

Escolhi a prenda mais linda
E fui dançar no compasso,
Pois nunca tive embaraço
Para falar com as donzelas;
Disse baixo, tu és bela
E caiu no meu agrado
E não me fiz de rogado,
Tratei bem a flor singela.

O copo de aguardente
Corria de mão em mão,
Presenti que a confusão
Não ia se demorar,
Pois começaram a caçoar
Do jeito do meu bailado,
Os índios do Retovado
Queriam se machucar.

Nisso saiu um vanerão,
E eu gritei por desaforo;
Dançador para ser touro
Precisa me acompanhar,
Aqui, só sabem trotear
E se julgam bailador,
Para voçês, sou professor,
Parem logo de caçoar.

Era o que estava faltando
Para formar-se o reboliço,
Sou cuera sem compromisso
E não dou bolas para o perigo,
Tenho o chapéu por abrigo
E as armas por companheira,
Apelei para a cartucheira
E dei combate ao inimigo.

Foi aquele tiroteio
E tinido de facão,
Eu não poupei munição
E dava o dedo no gatilho,
Em pelo, montei o tordilho,
Para escapar do entrevero,
Deixei, naquele terreiro,
Minha marca de caudilho.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Cruz Missioneira


O Missionário, através da cruz,
Mudou a cultura do povo nativo,
Ela é um símbolo, de valor cristão,
Que ajuda a manter, Deus vivo.

Amor

Amor, palavra bendita
E de difícil definição;
Nela, o ser humano acredita,
Por fé, esperança ou ilusão.

É fácil falar de amor
E de sua ideologia,
Mas o triste dissabor
É resultante dessa fria.

O coração não resiste,
Quando o tal de amor persiste,
Não há jeito de escapar.

O pecado joga o manto,
Depois, não resolve o pranto,
Diga: pequei por amar.

Labirinto

Somos um rebanho dispersivo;
Eu vivo, tu vives,
Vivemos perdidos no labirinto
De um sistema que nada sistematiza.
Coerência inexiste;
Quem resiste a turbulência,
Fingida inocência,
Safadeza sem clemência?
O lobo está a espreita,
Para si ele ajeita,
Se esconde no mato;
Pagamos o pato.
A massa reclama, conclama,
Na briga e na cama
Agimos por instinto;
Difícil labirinto.

Bugio de Jacaquá


segunda-feira, 27 de julho de 2009

Trevo de acesso


Guri

Por ser guri continuo travesso,
Ao embalo do berço da eterna ilusão,
A acreditar na fada que nanou meus sonhos
E na espontâneidade de um coração.

Por ser guri, persigo meus sonhos,
As vezes tristonho, outras com alegrias;
Penso no perto que se fez distante,
E no envolvimento de tão belos dias.

Por ser guri, acredito no mundo,
No sentimento profundo que existe na gente,
Acredito no homem, no amor e na paz
E que tudo um dia vai ser diferente.

Mesmo guri, já aprendi uma lição;
Ninguém consegue fugir da prisão,
E todo o disfarce é mera ilusão
Quando a prisão está dentro da gente.

Meus devaneios

Já garimpei por esse corpo todo,
Já fui de tudo que podia ser;
Fui companheiro nos teus devaneios
E fui parceiro para o teu prazer.
Eu já fui tudo e hoje sou nada,
Por entre os dedos te deixei fugir,
Pois não sabia que a tua ausência,
O meu sossego fosse consumir.
Passa o tempo, mas você não passa,
A minha mente vive a delirar,
Sonho contigo, mesmo acordado,
Desesperado, saio a procurar.
Percorro os bares e as avenidas,
Na esperança de te encontrar,
Sofrer por ti agora é meu castigo
Por não ter sabido te valorizar.

sábado, 25 de julho de 2009

Monumento Tricentenário



Monumento que retrata a história,
Desta legendária cidade missioneira,
Jovem São Borja, de trezentos anos,
Guardiã permanente da fronteira.

Padroeiro de São Borja - São Francisco de Borja


Nosso padroeiro, de braços abertos,
Está, ao visitante, sempre a abençoar;
A grande hospitalidade, aqui, oferecida,
Faz ao estrangeiro, com prazer, retornar.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Só no pelo


Churrasco


Campereada

Consulta a estrela Dalva...
Já vai alta a madrugada,
O capataz prende o grito
Para acordar a peonada;
Uns preparam o churrasco
Os outros, a cavalhada,
E antes do sol raiar
Saem para a campereada.

E conforme o combinado
Feito na noite passada,
Dividiram-se em três grupos,
Um para cada invernada,
Sabiam que aquele dia
Ia ser dura a parada
Mas índio criado em fazenda
Não se encolhe para nada.

Tinha um gado retovado
Na Invernada do Espinhaço;
O capataz disse ao grupo;
Vamos levar no peitaço;
Este gado vai sentir
A força de nosso braço,
Quem não quizer ir por bem,
Irá na ponta do laço.

Foi preciso muita raça
E desempenho campeiro,
Para poder dominar
Esse gado caborteiro,
Mas para quem sabe laçar,
Não existe boi matreiro,
Fizeram o laço cantar,
Nas aspas dos caborteiros.

Reuniram todo o gado
Na invernada da frente,
Para fazer a contagem
E medicar alguns doentes;
O patrão olhou a boiada
E disse muito contente,
Cada vez tenho mais fé,
Na força da minha gente.

Sei, faz parte de um passado
De nossa gente afamada,
Hoje é recordação
Que o gaúcho traz guradada,
Como tantos outros feitos
Que a historia tem gravada
E que foram revividas
Nesta minha campereada.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Lidando na mangueira


Andarilho


Se chegou de tardezita
Num pingo bom, mas cansado;
A barba de tantos meses,
As vestes, muito batida,
E foi aquela alarida
Da cachorrada a saudá-lo.

Pediu licença, apeou,
Indagou pelo patrão,
De todos apertou a mão
Por ser ato costumeiro,
E disse; sou bom campeiro
A procura de trabalho,
Na lida, não me atrapalho
E nem me escapa boi matreiro.

Sou bom no tiro de laço,
Conheço tudo de pealo,
Sou domador de cavalos
E prefiro os aporreados,
Ando assim, desajeitado,
Por talagaço da vida,
Mas fui criado na lida
E estou aqui para ser testado.

O patrão lhe respondeu;
O capataz me pediu um peão,
Puxe o pingo para o galpão,
Desencilhe, dê-lhe água
E o solte no potreiro,
Depois, se chegue ao braseiro
Para tomar um chimarrão,
Amanhã, tem marcação,
Vamos ver teu desempenho.

O índio saiu-se bem,
Demonstrou valor e raça
E logo caiu na graça
Do patrão e da peonada.
Falava pouco, quase nada,
Nem contou sua procedência,
Timha um olhar de ausência
E a inteligência afinada.

Nunca ia ao bolicho,
Fazia alguma encomenda,
Dizia; não vou à venda
Fico reparando a estância,
Podem seguir descansado,
Mas nesse dia, para estes lados,
Se bandiaram uns castelhanos,
Pois conheciam, os paissanos,
O sistema da nossa gente;
Já estavam acostumados
A saquearem as fazendas,
Maltratar chinas e prendas,
Causarem grandes estragos,
Mas desta feita, os safados,
Deram com os burros na água.

O guaipeca que ficou
Denunciou a aproximação,
De três índios a cavalo,
Bombacha de muito pano,
E o taciturno mundano,
Notou que eram castelhanos,
Colocou sua adaga à mão.

E os cueras facilitaram,
O julgando um pobre diabo,
Por não ter ido ao trago
Que corria na cantina,
Não sabiam que a sina
Dos três já estava traçada;
Deixar a carcaça espetada,
Na adaga do paladino.

E não foi tarefa difícil
Dar cabo aos três bandoleiros,
Para o guapo, forte e ligeiro,
Na lida com a arma branca,
Depois, sumiu-se na pampa,
Deixando um chasque assinado:
Em parte, já fui vingado,
Vou seguir minha andança.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Hora do basta

A mídia, todos os dias, nos bombardeia,
Com as coisas feias, praticadas no Planalto,
Por ações desenvolvidas pelos políticos,
Nosso povo, diariamente, sofre assalto.

Mas na hora de escolher o candidato,
É um fato, somos péssimos na opção,
Mesmo sabendo das safadezas cometidas,
Acabamos dando chance para o ladrão.

Chegou a hora de aprendermos a lição;
Fazer uma análise, usar a razão,
E a tudo isso dar um grande basta.

Não dá mais para aturar tanta esperteza,
E, através, de um ato coletivo, de grandeza,
Tirar de circulação, quem é nefasta.

sábado, 11 de julho de 2009

Fronteiriço

Lhes digo, sou fronteiriço
E missioneiro também;
Não dou bolas para o perigo
E nem me achico para ninguém;
Ganho no peito e na raça
As coisas que me convém.

Conheço a lida campeira,
Sou marco da tradição;
Minha têmpera é forjada
Com o fogo feito no chão,
E não me troco por nada,
Só obedeço a razão.

Não acredito em maneias
Que possam me segurar,
Sou indio duro de queixo
E difícil de enfrenar,
Quem não acredita, tente,
Depois não vá se queixar.

Eu não nasci para capacho,
Ando de cabeça erguida;
A índole de uma raça
Norteia a minha vida;
Pois sou filho de São Borja,
Gloriosa terra querida.
São Borja

São Borja, aqui te canto
E reverencio a memória;
Do teu passado de glórias
Que a história imortalizou;
O teu nome se ampliou
Com os feitos de teus filhos;
Reconhecidos caudilhos
Que a natureza gerou.

Os indios e os missionários
Fundaram teu alicerce;
Com sangue, suor, prece
E muita disposição;
Tiveram, na oração,
A força reconfortante
E a teus passos principiantes
Foram base a religião.

Das missões, tu és o marco,
Por teres sido a primeira,
Aqui, não tinha fronteira,
Quando a tua fundação;
São Borja, por devoção,
Do bravo que te fundou,
E a bravura perpetuou
A todas as gerações.

Na guerra do Paraguai
Tu fostes palco de luta;
Travou-se heróica disputa
Nas barrancas do Uruguai;
Mostrastes , aos paraguai,
O valor de tua raça,
O povo lutou em massa,
Com valentia nomais.

De lança, de adaga, espada
E baioneta calada;
Foi muita dura a mascada
Que tivestes de enfrentar;
Mas conseguistes frear,
O ímpeto do castelhano,
E o inimigo paissano,
Não pode te dominar.

Velha terra legendária,
Orgulho dos filhos teus,
Bem sei, que a mão de Deus
Abençoou, este rincão;
Capital da Produção,
É um dos nomes que tens,
Aqui todos vivem bem,
Com amor no coração.

Por Cidade dos Presidentes,
Tu também, és conhecida;
Vargas, Jango, foram em vida,
Governantes da Nação,
Que Deus lhes dê redenção,
Na estância da eternidade,
E não negue caridade,
Aos filhos deste torrão.

O teu passado é heroico,
Teu presente, a realidade;
São Borja, és na verdade,
O berço do trabalhador,
Povo de muito valor
Que sabe levar avante,
Teu progresso, é comprovante,
De um futuro promissor.
Natureza

Hoje te contemplo, tristemente,
Sinceramente, não queria vê-la, assim;
Maltratada pelos homens insnsatos,
É um fato, que precisamos dar fim.

Em nome do progresso, vêm chegando;
Devastando fauna, flora, tudo, enfim;
Não entendem que tu és a segurança,
A ganancia não os deixa refletir.

A triste realidade me revolta;
Não entendo o porquê da devastação;
Você que nunca nos nega nada,
Do teu seio sai a nossa nutrição.

Vários movimentos são criados,
Em prol da tua preservação,
Tomara que os frutos deem logo;
Natureza, és a minha devoção.
Toxicômano

Influenciado por outros, começa por brincadeira,
Vai na conversa matreira, do vendedor preparado,
E o jovem, pobre coitado, sem base na formação,
Mete os pés, pelas mãos, logo torna-se um viciado.

Começa a pagar o tributo, por uma falsa realidade;
Induzido por maldade de gente sem coração,
Que não merece perdão, por tamanha covardia;
Destruir vidas sadias, nocivar população.

Daí a degradação, física, sexual e moral,
Tem horrível sensação, tremor, delírio, alucinação
E transforma-se em um impotente;
Um espectro de gente, que vive na escravidão.
Grêmio estudantil

Esta entidade que congrega os jovens,
De norte a sul, deste imenso Brasil,
Merece a confiança e o nosso respeito,
Pois ela é a base do movimento estudantil.

Caro estudante, ocupe o teu espaço,
Descruze os braços e parta pra luta,
Não fique alheio ao que está acontecendo;
Pois nossa vida é uma eterna disputa.

A tua presença é muito importante,
O Grêmio estudantil, representa o estudante,
E, em todas as escolas, precisa existir;

A tua força, está na organização,
Você é a esperança, o estímulo e a razão,
De acreditarmos, num novo porvir.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Confraria

Pode chegar, meu irmão, a casa é sua,
As portas estão abertas para a alegria;
Pois todos têm um lugar cativo,
Nesta consagrada confraria.

Irmanados em acordes e canções,
Corações pulsam mais fortes, com certeza,
Quem faz parte deste grupo de amigos,
Traz a alma revestida de grandeza.

Aqui, se ouve a voz do coração,
Como é bom, conviver em harmonia,
Louvo a Deus, por esta oportunidade,
Na verdade, é uma irmandade, a confraria.
Com o cabo da adaga

Busquei nos livros da vida
Os sábios ensinamentos,
Que forjaram o gaúcho,
Corpo, alma e sentimento.
Este centauro dos pampas,
Se desenvolveu na lida,
Defendendo com bravura
A nossa terra querida.

A história da nossa gente
Da memória não se apaga,
Vou defendendo as origens
Mesmo com o cabo da adaga.(refrão)

Este Rio Grande é tão grande
Pela ação dos ancestrais,
Que empurraram a fronteira
Até a costa do Uruguai,
Por isso é que tenho orgulho
Em ser filhos deste chão,
Reduto de gente brava
Mas com amor no coração.
Refrão...

Devemos ter sempre em mente,
Bons exemplos do passado,
Conservar com muita honra
Esse importante legado;
Não permitir que o desmande
Tome conta do presente,
É hora de pegar juntos,
Com força e fé permanente.

Refrão...